quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Eco... eco...

Me mandaram postar. Não que eu esteja recebendo ordens, mas eu realmente pensei em algo para postar. E não veio nada.

Aí lembrei que todo colunista já escreveu sobre a falta de assunto. Mas tenho notado que, além disso, os colunistas ultimamente têm escrito justamente isso: que todo colunista já escreveu sobre a falta de assunto. Em breve, todos os colunistas terão escrito que todos os colunistas já escreveram sobre a falta de assunto.

A isso eu me adianto e digo que todos os colunistas escreverão que todos os colunistas terão escrito que todos os colunistas já escreveram sobre a falta de assunto. E o progresso não pára por aí, porque podemos imaginar uma cadeia de auto-referências recursivas que vai até o infinito, colunistas falando de todos os colunistas que falaram de todos os colunistas que... E lá se vai nosso amigo Peano correndo atrás do infinito, um passo de cada vez.

Mas não ligue agora! Esse foi um exemplo de infinito enumerável, ou seja, aleph zero. O tipo menor e mais peba de infinito. Podemos chegar aos infinitos maiores que este, aleph um em diante: uma infinidade de infinitos. E colunistas escrevendo sobre colunistas que escrevem sobre colunistas que, por sua vez, escrevem sobre colunistas e lá se vão colunas da terra até o céu.

Há também a coluna de tartarugas que sustenta a Terra. Certa vez uma velhinha chegou para Stephen Hawking e disse essa história de gravidade é tudo balela; o que segura a Terra é uma tartaruga gigante. E Hawking perguntou e o que segura a tartaruga gigante então? E a velha, indignada, ora, mas claro que é outra tartaruga gigante.

Será que as tartarugas gigantes sofrem de falta de assunto?

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Cuidado ao andar: atenção no chão

Dia desses estava deitado, no apartamento, divagando sem rumo, ou talvez fazendo aquele esforço para acordar de vez e sair da cama, e vejo uma aranha gigantesca na parede.

Nada estranho, até aí. As aranhas que vivem no meu apartamento são quase minhas roomates, eu tomo cuidado para não matar nenhuma. Mas eu não tinha idéia que uma delas tinha ficado tão grande. Mereço um prêmio da PETA, talvez?

O caso é que li hoje por acaso que as aranhas vivem de dois a três anos. Então é bem capaz que essa aranha grande aí esteja lá no apartamento desde que eu me mudei pra Recife, ou pouco depois, ou antes, que seja. É praticamente uma companheira que acompanha meu dia-a-dia.

Do jeito que as coisas vão, não duvido que eu comece a conversar com ela e reclamar, seja dos problemas imediatos ou de preocupações abstratas diversas sobre o destino do mundo e do universo, quiçá das dobras espaciais. "Veja só, dona aranha, como andam as coisas. Ontem estava procurando informações sobre uns novos processadores e acabei assistindo um comercial de uns 10 minutos; no final dizia 'Faça mais, em menos tempo', e que coisa essa ânsia de fazer mais e mais e o tempo cada vez mais curto e mais curto. O meu tempo que o diga, não tá sobrando quase nada, e há pressões por todos os lados. Fiquei pensando de novo em tomar Modafinil, veja só, aquele remédio que promete te deixar ligado no ar sem cansar por 48 horas. Eis que também descubro hoje que, além do Modafinil já fazer sucesso com estudantes por aí, as empresas farmacêuticas ainda prometem uma droga melhor, que pode deixar a pessoa vários dias acordada e trabalhando e produzindo. Máquinas não, pessoas é o que sois! Será mesmo? Como esse mundo anda louco, dona aranha. A senhora não tá nem aí, não é? Joga seus quatrocentos filhos ao vento, e quem quiser que se vire. O resto é aqui no meu apartamento curtindo umas muriçocas no jantar. Vida boa. E nem paga aluguel. Por falar em aluguel, aquele maluco do andar de cima continua jogando cotonetes usados pela janela, que absurdo. De vez em quando tem um no parapeito da minha janela, povo mais mal-educado. A senhora não acha, dona aranha? A senhora fala muito pouco..."

Tom Hanks podia falar com uma bola de vôlei, não podia?

domingo, fevereiro 12, 2006

PARE!

Ajude a Salvar a Juventude da América
NÃO COMPRE DISCOS DE PRETOS


(Se você não quer servir pretos no seu comércio, então não tenha discos de pretos na sua vitrola nem ouça discos de pretos no rádio).

As letras gritadas e idiotas e a música selvagem destes discos estão minando a moral da nossa juventude branca na América.

Ligue para as empresas que anunciam nas rádios que tocam esse tipo de música e reclame!

Não deixe suas crianças comprarem ou ouvirem esses discos de pretos.

* * *

É tudo verdade: veja aqui.

Via LLL.

domingo, fevereiro 05, 2006

Notas cinematográficas

Eis que estou assistindo 8 Mulheres e, uns dez minutos ou mais de filme passados, uma das atrizes faz um movimento estranho, corre para outro lugar no cenário e começa a... cantar e dançar! Na mesma hora pensei, aliás, falei em voz alta mesmo: "nããããoooooooo!". Nada tinha me preparado para isso, nada. Não tinha lido nada sobre o filme, e na caixa do DVD eu não vi menção a músicas. Pode até ser que tivesse, mas passou batido. Não são oito mulheres? Então, uma música pra cada uma. E a maioria delas não canta lá muito bem. O horror, o horror.

Mas vá lá, o filme até que não é ruim, depois de absorvido o choque. É lembrar que a história foi adaptada de uma peça de teatro, e não existe um compromisso com o realismo, por assim dizer. E as letras das músicas são interessantes, elas em poucos minutos dizem mais sobre as personagens do que todos os diálogos. E oito não são tantas assim, em um filme de bem uma hora e meia. E além do mais é um filme francês com oito atrizes famosas, então tem umas mulheres bonitas de se ver. Infelizmente nenhuma delas aparece pelada, mas não vamos condenar o filme por causa disso.

Mesmo assim, pelo amor de Kubrick, sugiro que coloquem nas caixas dos DVDs daqui em diante, bem grande, um AVISO: ESTE FILME CONTEM CENAS DE MUSICAL.

* * *

Sobre Munique: será que Pedro Doria viu o mesmo filme que eu? "No filme, Spielberg resume todos os agentes do serviço secreto israelense, o Mossad, a um pequeno grupo." Não foi assim que eu vi.

* * *

Não é só Fórum Social Mundial e Software Livre, o Brasil também inova na consciência social: nós fizemos cowboys gays muito antes que os gringos. Tá lá na coluna Gente Boa:
O ator José de Abreu, que faz o tonitroante Carlos Lacerda em “JK”, vem muy respeitosamente, em meio ao estardalhaço sobre o filme “O segredo de Brokeback Mountain”, requerer um título que julga lhe pertencer. Em 1980, dirigido por Carlos Hugo Christensen, filmou “A intrusa”, a história de dois caubóis gaúchos. Zé foi um deles. Com a desculpa da noite fria, os dois dormem juntos e acabam se beijando na boca. “Há 25 anos o Brasil já fazia filme de machão gay”, orgulha-se Zé, o primeiro de todos.

Pode até ser pró-gay, mas é totalmente estereótipo regional. Os gays são logo gaúchos.

(via De Gustibus Non Est Disputandus).

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

...a man with three buttocks

a man with three buttocks