sexta-feira, janeiro 28, 2005

A história de John

John tentou várias coisas na vida: tentou entrar na faculdade, tentou ser bombeiro, vendedor, performista em boate GLS, até mesmo taxista. John queria se casar com Sue, mas era impossível convence-la sem um trabalho fixo em uma carreira promissora. Bob estava de olho nela há anos e logo iria se formar em direito. John sabia que Sue não gostava de Bob, mas também sabia que ela era pragmática e queria criar filhos em um lar estável sem que precisasse sair para trabalhar.

E John já tinha visto as coxas de Sue uma vez, eram de arrasar. Ele tinha de casar com ela.

Finalmente, surgiu a oportunidade que poderia trazer não apenas dinheiro, não apenas sucesso, mas também fama. Todos na cidade o conheceriam; Sue se orgulharia de casar com ele. Após muito importunar um amigo de infância e suborna-lo com charutos cubanos e maconha jamaicana, eis que John conseguiu uma vaga como homem do tempo no jornal local da pacata cidade de Athens.

E assim chegou o dia de estréia de John na televisão.

terça-feira, janeiro 25, 2005

Nomes

Essa história dos nomes das pessoas é engraçada. Mesmo não falando sobre a horda de nomes esdrúxulos que os brasileiros inventam para os filhos, o que seria muito cliché, ainda há muito o que se divertir com os vocativos.

Vejam os nomes de gente da língua inglesa, por exemplo, principalmente os americanos; uma amiga minha costuma dizer que os americanos têm nome de bicho de estimação: Joe, Bob, Sue. Mas os sobrenomes também são interessantes. Veja Greenblatt; é um sobrenome que ocorre, e eu não consigo deixar de pensar em um 'blatt' verde, mas o que raio seria um blatt ? Aliás, as cores são bastante comuns nos sobrenomes deles: Rachel Green, Charlie Brown; desde criança eu me perguntava se ninguém lá achava estranho um menino chamado Charlie Marrom. James Brown ainda vá lá, mas Charlie Brown é caucasiano, o que há com ele para ser marrom ?

Isso me lembra uma cena em Pulp Fiction que o personagem de Bruce Willis, um boxeador, entra no táxi dirigido por uma latina. Ela pergunta o nome dele e, logo em seguida, o que o nome significa. Ele responde: "I'm american, our names don't mean shit". Na hora que eu vi isso eu pensei logo: mas e o Charlie Brown ?

Tem também o Alan Greenspan, o chefão do equivalente ao Banco Central americano. Greenspan... ao pé da letra, seria algo como "extensão verde". Bem apropriado para um cara que mexe com tanto dinheiro. E por falar em nomes apropriados, o que dizer do primeiro bispo desta nossa Terra Brasilis, que foi comido -- literalmente -- pelos índios que cá estavam ? Não podia ter um nome melhor: Bispo Pero Fernandes Sardinha. E será que os cineastas da família Makhmalbaf têm mau hálito ?

Ah, e tem os nomes dos judeus reformados: Ovelha, Tigre, Maribondo... e sim, claro, Formiga. Dá pra imaginar quantas vezes eu já ouvi piadinhas com meu nome, tipo "lá vão seus parentes pelo chão" ou "não mate sua prima, Andrei". O mais engraçado, e que ninguém nunca notou, é que meu primeiro nome vem da raiz grega "Andros" que significa, literalmente, "Homem". Ou seja, meu nome é Homem Formiga. Prazer.

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Temam as novas armas dos EUA

Sim, para manter a superioridade militar e bélica é preciso pesquisar sempre, estar sempre à frente. Pensar em novas armas, novas formas de destruir o inimigo. Como as armas químicas letais estão proibidas, é preciso considerar alternativas; então, que tal desmoralizar o inimigo ?

E aí pode-se pensar em várias formas de fazer isso: causar flatulência generalizada, atrair vespas e outros insetos ou, por que não, transformar os soldados inimigos em GAYS. Sim, e dessa forma eles, sentindo uma irresistível atração uns pelos outros, não teriam mais condições de lutar. Que arma incrível ! Pacífica, revolucionária ! E gay.

Não, eu não inventei isso. Como eu disse antes, dá pra competir ?

Laboratório militar propôs fazer 'bomba gay' nos EUA

domingo, janeiro 16, 2005

E a Internet faz mais vítimas

- Ontem recebi um email avisando sobre piranhas assassinas voadoras no litoral nordestino. Elas podem chegar até a centenas de metros após a praia, e gostam de se alimentar de cérebros humanos !
- Que absurdo ! Onde já se viu acreditar num email desses ? Se fosse assim eu já estaria com leptospirose, ou tinha ganho uma boa grana transferindo o dinheiro de um magnata nigeriano ou...

[VUUUUSH]

- É, mas estamos aqui na praia e sabe lá, por via das dúvidas eu mandei cópias para todo mundo que eu conheço e...

[VUUUUSH]

- ...Roberto, você ouviu isso ? Roberto ?

[VUUUUSH]

- NÃO !!!! AAAAARRGGGH !!!! [SPLOSHBLASHTSPLOT]

quinta-feira, janeiro 13, 2005

blogsofia

Gosto de acreditar (ilusão?) que metalinguagem e auto-ironia são matérias-primas importantes deste blog.

Quando eu não tiver idéias para postar, não vou escrever qualquer coisa só para manter um senso de periodicidade não.

terça-feira, janeiro 11, 2005

Diálogo

- Mas eu gosto tanto de você !
- Não foi o que pareceu, com todo o papo de análise sintática. Se eu não interrompesse você ia desatar a falar de semântica, talvez chegasse até à semiótica.
- Eu só estava tentando te entender.
- Pelo jeito você não entendeu o que significa entender. E não me venha com definições, ou dicionários !
- Você é escorregadia demais. Eu fui apaixonado por você a minha vida quase toda, desde os primeiros livros do ABC; e olha, eu nem prestava muita atenção nas figuras. Mas você sempre me escapa...
- ...
- Não vá ! Eu preciso de você ! Como eu poderei ser um escritor assim ??

domingo, janeiro 09, 2005

A realidade supera a ficção, vol. 42

Os humoristas têm uma vida difícil; todo mundo dá uma de palhaço de vez em quando, geralmente sem querer, o que cria uma competição desleal. Alguém, acho que Jô Soares, já disse que no Brasil é mais complicado fazer humor porque os políticos são tão engraçados que fica difícil fazer melhor. Às vezes é difícil competir com os veículos sérios, quando eles derrapam; a história da capa da Veja sobre a tsunami é um exemplo. Como se não bastasse, a própria realidade -- ou Deus, dependendo da sua fé -- se revela por vezes uma piadista de primeira.

Ativista contra a obrigatoriedade do uso de cinto de segurança morre em acidente de carro (via LLL).

Claro, o cara estava sem cinto de segurança na hora do acidente. Se Deus existe, é preciso reconhecer que ele tem um puta senso de humor. Coisa fina.

Nisso, estava conversando com um amigo meu e falei para ele do ocorrido. Ele:
- Pô, existem causas mais interessantes para ser ativista...
- Sim, mas isso não deixa a coisa toda menos engraçada.
- Ahh, era uma piada então.
- É, pode ser uma piada, se vc considerar que um Deus hipotético a estaria contando, com personagens reais ainda por cima...

sábado, janeiro 08, 2005

3 Segundos na Vida de um Técnico em Eletrônica em Dia de Atendimento Externo

- Querido, quando terminar aí você pode vir no quarto e dar uma olhada na minha cama ? É que ela vibra, mas não tá funcionando...

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Descarrego

Eu acordo todo dia puto com o universo e como dizem que ele deve ser. Terra redonda, sistema solar, via-láctea, essas merdas; as coisas não precisam ser assim. Via-láctea meu ovo, porra ! Eu quero que a Terra seja plana, sustentada por uma pilha infinita de tartarugas gigantes. Ou por Atlas. Tanto faz, foda-se o corno que tem de sustentar essa merda. O que importa é que isso não é menos ridículo que pensar em "corpos celestes em movimento em um espaço-tempo curvo em expansão, incluindo buracos negros, matéria escura e supercordas". O gato está morto ou vivo ? Sei lá, abre a merda da caixa e vê, cacete ! Pra quê complicar tanto ?

Aí me vêm falar sobre celulares, Internet, essas outras coisas bisonhas. O que é o virtual ? Algo que não existe. Ou seja, deixamos de acreditar em fadas, duendes e gnomos para acreditar em chats virtuais e ondas que viajam a uma velocidade absurda pelo ar, sem serem vistas. Grande merda. Pra mim são as putas das fadas mesmo que levam as vozes das pessoas, e são gnomos que ficam dentro desses computadores operando tudo e criando a ilusão coletiva de uma rede solipsística. Quem são esses imbecis que postam em fóruns, conversam no msn e comentam em blogs ? Seres imaginários, isso sim. Porra, é tudo criação da minha cabeça, eu nunca nem vi essas pessoas; se não for da minha cabeça, é da dos gnomos.

E o que me deixa mais puto é pensar em quem sou eu, narrador deste texto em um blog qualquer nessa merda de Internet. Talvez apenas um pensamento escroto na mente de um gnomo pervertido. Diga aí, um lampejo de consciência imprensado entre pensamentos pornográficos e escatológicos. E aí eu começo a pensar em pornografia com duendes... porra, eu não quero pensar em gnomofilia não ! É foda, bicho !

terça-feira, janeiro 04, 2005

Como é mesmo o nome daquela onda ?

Dizem que lá em São João do Cabrobó o seu Zé da Caxoleta insistiu que o filho recém-nascido se chamasse Tsunami.

Em Pipa, um garoto-praia-saúde-bronze tatuou TSUNAMI nas costas malhadas, em caracteres góticos.

É a palavra da moda em ironias, metáforas e hipérboles perdidas nos mares de letras por aí.

E a Veja me sai com essa na capa: "A catástrofe [...] é uma advertência sobre a fragilidade do homem diante da natureza", mas não tem nem uma ocorrência de "Tsunami", o que me parece uma tragédia total. Além de não seguir as tendências, mostra uma incrível falta de criatividade; ou talvez seja o redator em um momento de humor inesperado: "hm... imagina o LFV escrevendo uma crônica sobre um tsunami fictício na Ásia; como ele descreveria a reação da imprensa?"

Pois é... fica o desejo de um tsunami de coisas boas para os leitores em 2005.