quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Cuidado ao andar: atenção no chão

Dia desses estava deitado, no apartamento, divagando sem rumo, ou talvez fazendo aquele esforço para acordar de vez e sair da cama, e vejo uma aranha gigantesca na parede.

Nada estranho, até aí. As aranhas que vivem no meu apartamento são quase minhas roomates, eu tomo cuidado para não matar nenhuma. Mas eu não tinha idéia que uma delas tinha ficado tão grande. Mereço um prêmio da PETA, talvez?

O caso é que li hoje por acaso que as aranhas vivem de dois a três anos. Então é bem capaz que essa aranha grande aí esteja lá no apartamento desde que eu me mudei pra Recife, ou pouco depois, ou antes, que seja. É praticamente uma companheira que acompanha meu dia-a-dia.

Do jeito que as coisas vão, não duvido que eu comece a conversar com ela e reclamar, seja dos problemas imediatos ou de preocupações abstratas diversas sobre o destino do mundo e do universo, quiçá das dobras espaciais. "Veja só, dona aranha, como andam as coisas. Ontem estava procurando informações sobre uns novos processadores e acabei assistindo um comercial de uns 10 minutos; no final dizia 'Faça mais, em menos tempo', e que coisa essa ânsia de fazer mais e mais e o tempo cada vez mais curto e mais curto. O meu tempo que o diga, não tá sobrando quase nada, e há pressões por todos os lados. Fiquei pensando de novo em tomar Modafinil, veja só, aquele remédio que promete te deixar ligado no ar sem cansar por 48 horas. Eis que também descubro hoje que, além do Modafinil já fazer sucesso com estudantes por aí, as empresas farmacêuticas ainda prometem uma droga melhor, que pode deixar a pessoa vários dias acordada e trabalhando e produzindo. Máquinas não, pessoas é o que sois! Será mesmo? Como esse mundo anda louco, dona aranha. A senhora não tá nem aí, não é? Joga seus quatrocentos filhos ao vento, e quem quiser que se vire. O resto é aqui no meu apartamento curtindo umas muriçocas no jantar. Vida boa. E nem paga aluguel. Por falar em aluguel, aquele maluco do andar de cima continua jogando cotonetes usados pela janela, que absurdo. De vez em quando tem um no parapeito da minha janela, povo mais mal-educado. A senhora não acha, dona aranha? A senhora fala muito pouco..."

Tom Hanks podia falar com uma bola de vôlei, não podia?